domingo, 10 de novembro de 2013

O meu nome

Ah esse assunto que dá pano para mangas. Se pensam que vou dizer o meu nome, esqueçam.

Tenho um nome diferente, tenho um nome comprido e pouco comum em Portugal. Tenho um nome que foi escolhido pela minha mãe muitos anos antes de ela me ter (diz que é por isso que não teve mais nenhum filho, só encontrou um nome bonito. Se fosse homem queria ver). Tenho um nome que como a minha mãe o leu não foi permitido registar por isso é uma versão mais portuguesa. Tenho um nome que muitas, tantas, a maioria das vez as pessoas não entendem a primeira. Tenho um nome tão diferente que a minha avó implorou à minha mãe para que me desse um segundo nome "ah a miúda não vai saber dizer isso!" "Ninguém vai chamar isso a miúda!" dizia a minha avó. Pois Vó, desde pequenina que sempre soube dizer bem o meu nome e desde de pequenina que corrijo quando os outros não o dizem bem. Ter um nome diferente tem as suas vantagens e desvantagens. Quando alguém chama por mim não há lugar para confusão, sou eu e pronto. Tantas e tantas situações caricatas, estranhas, tristes vos podia contar mas nem eu me consigo lembrar de todas. Lembro-me de um professor olhar para a lista de presenças e dizer "Epa isto tem aqui uns nomes estranhos, quem é a Milka?" e eu que só queria passar despercebida ter levantado o braço. Lembro-me de uma funcionária da cantina que demorou cerca de um mês para conseguir dizer bem o meu nome. Lembro-me das várias vezes que me tentaram arranjar uma alcunha mas nenhuma delas pegou. Lembro-me das várias vezes que disseram o meu nome alto e toda gente a olhar para mim. Lembro-me de muita gente ter aprendido o meu nome a conta de um professor que tinha uma fixação por mim. Lembro-me de quando tive o acidente o disse tantas e tantas vezes. Lembro-me das várias vezes que vi o meu nome mal escrito e quase me deu um ataque. Tantas e tantas coisas. O meu pai durante anos chamou-me Urubu, porque eu era maquiavélica diz ele, agora costuma chamar-me Engenheira (considero que seja uma evoluação). O meu avô chama-me Pitacha porque estou sempre a rir. Poucos, muito poucos me chamam pelo segundo nome que não gosto mesmo nada, obrigadinha Vó. O resto chama-me pelo o meu nome. Eu gosto de ter um nome diferente, tem desvantagens sim mas normalmente sou a única Milka da vida das pessoas e isso já é muito.

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